Doença da Carótida

CARÓTIDA

 

As artérias carótidas são os vasos responsáveis por levar o sangue para o cérebro. Existem 2 artérias carótidas, uma passando de cada lado do pescoço em direção à cabeça. A circulação para o cérebro é auxiliada por outras 2 artérias de menor calibre, as artérias vertebrais, que têm seu trajeto próximo à coluna, na parte posterior do pescoço.

Pacientes com fatores de risco como idade acima de 50 anos, hipertensão arterial, diabetes, tabagismo e elevação do colesterol têm maior risco de  apresentar aterosclerose, que é uma doença que pode levar à obstrução ou dilatação (aneurisma) das artérias. No caso das carótidas, a obstrução é a ocorrência mais frequente, geralmente instalando-se de maneira lenta e progressiva. Quando causa 70% ou mais de obstrução, há aumento do risco de acidente vascular cerebral, o AVC, conhecido popularmente como “derrame”, que é decorrente da falta de circulação em alguma parte do cérebro. O AVC pode ser decorrente da formação de pequenos coágulos que se formam na placa de aterosclerose localizada na artéria carótida, que se desprendem e ocluem                             algum vaso do cérebro.

Quando há oclusão de um vaso cerebral, podem surgir os sintomas característicos do derrame, como dificuldade de fala, perda de movimento ou fraqueza em um lado do corpo ou perda da consciência (desmaios). Os sintomas que revertem completamente em até 24 horas são chamados de ataques isquêmicos transitórios (AIT); quando persistem por período superior a 24 horas, fica caracterizado o AVC. A perda súbita da visão em um dos olhos é um sintoma decorrente da migração de um trombo originado na carótida doente para um vaso da retina. Geralmente dura poucos minutos e pode ocorrer diversas vezes.

Além do desprendimento de pequenos coágulos, a obstrução da carótida pode levar a uma oclusão total, interrompendo a circulação através desse vaso. Nesse caso, o risco de um grande AVC e mesmo de morte é grande. Em alguns pacientes, a circulação pela outra carótida e pelas artérias vertebrais é suficiente para manter a nutrição cerebral e, mesmo com uma oclusão completa de uma carótida, esses indivíduos não sofrem derrame.

Na maioria das vezes, os pacientes com obstrução carotídea não mostram sintoma algum, o que pode atrasar o diagnóstico, fazendo com que o indivíduo fique sob risco das complicações citadas acima.

O diagnóstico é feito através do exame físico, quando, à ausculta do pescoço no trajeto das carótidas, ouve-se um sopro. Exames complementares, como o Duplex-scan, são necessários para que se determine o grau de obstrução desses vasos, que consiste no parâmetro para a indicação do tratamento. Em casos especiais ou com indicação para tratamento cirúrgico,  angiografia por Tomografia Computadorizada ou Ressonância Nuclear Magnética podem ser necessários.

Pacientes com obstrução abaixo de 70% e assintomáticos são geralmente tratados clinicamente. Devem ser controlados os fatores de risco (hipertensão arterial, diabetes, elevação do colesterol e tabagismo), além de introduzida medicação para diminuir o risco de formação de pequenos coágulos e proteção dos vasos, como os antiagregantes plaquetários e as estatinas. Obstruções que ultrapassem os 70% são de tratamento cirúrgico na maioria dos casos. Pacientes com sintomas decorrentes da doença carotídea (AIT, AVC) também podem ter indicação de tratamento cirúrgico, mesmo que a obstrução seja menor que 70%.

O tratamento cirúrgico pode ser aberto, através de técnica chamada endarterectomia, na qual uma incisão é feita no pescoço, o fluxo pela carótida é interrompido temporariamente e a placa de aterosclerose é removida.  Outra opção é o tratamento endovascular, conhecido como angioplastia. Essa técnica consiste na introdução de um cateter pela artéria femoral através de sua punção na região da virilha. Esse cateter é dirigido até a artéria carótida e, no local da obstrução, um balão é inflado, aumentando novamente o calibre do interior do vaso, revertendo a obstrução. Uma “molinha” (stent) é deixada para que a obstrução não retorne de imediato. Com essa técnica evita-se o corte no pescoço e a necessidade de colocação de drenos.

Tanto a técnica aberta como a endovascular têm suas vantagens e indicações precisas. A avaliação de um Cirurgião Vascular com formação em ambas as técnicas é necessária para a escolha da melhor opção, quando houver necessidade de tratamento cirúrgico.

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