Aneurisma de Aorta

Quando a parede de um vaso se enfraquece, uma dilatação desta parte doente pode ocorrer, dando origem ao que chamamos de “aneurisma”. Os aneurismas ocorrem mais frequentemente na aorta, a principal artéria do corpo, que se sai do coração para levar sangue para todo o organismo. Quanto maior a faixa etária e a constituição física da pessoa, maior o calibre de uma aorta normal. De modo geral, a aorta abdominal normal de um indivíduo tem cerca de 2,0 cm de diâmetro. As mulheres têm, em média, 0,2 cm a menos.

Para ser considerado um aneurisma, o segmento suspeito deve ter 50% a mais de calibre do que sua porção mais próxima não dilatada. Para facilitar, pode ser considerado aneurisma da aorta abdominal (AAA) o trecho com diâmetro igual ou acima de 3,0 cm. O trecho da aorta em que ela passa pelo abdome, logo abaixo da saída das artérias que levam sangue aos rins, é o local mais frequente de aparecimento dos aneurismas.

 

Aneurisma de aorta

 

A complicação mais temida em pacientes com AAA é a rotura, devido o alto risco de morte relacionado a este evento. O fator que se associa a um maior risco de rotura é o diâmetro do aneurisma; ou seja, quanto maior o diâmetro do aneurisma, maior o risco de o mesmo romper-se. Cuidado deve ser tomado para não confundir o diâmetro do aneurisma com sua extensão, esta última não relacionada ao risco de rotura.

A conformação do aneurisma também pode estar relacionada ao risco de rotura. Admite-se que aneurismas chamados saculares (dilatação de apenas um lado da artéria) têm maior risco de rotura do que os fusiformes, mais comuns. Outras complicações menos frequentes são a embolização de fragmentos de trombos e compressão de estruturas vizinhas.

 

Doença relativamente comum

 

O aneurisma da aorta abdominal (AAA) atinge principalmente pessoas na faixa etária acima dos 50 anos, sendo de 2 a 6 vezes mais frequente em homens do que em mulheres e 2 a 3 vezes mais comum em homens brancos em comparação aos negros.  Nos Estados Unidos, todo ano 200.000 pessoas recebem o diagnóstico de AAA. A rotura desses aneurismas é a 10ª causa de morte entre homens acima dos 55 anos de idade.

Além da idade avançada e do sexo masculino, outros fatores de risco para AAA são tabagismo e ocorrência de aneurismas em familiares próximos. Uma pessoa que tem familiar de 1º grau com AAA apresenta 12 vezes mais risco de desenvolver um AAA, em comparação com aqueles sem antecedente familiar. Entre os pacientes em tratamento de AAA, 15-25% têm um parente de 1º grau com o mesmo tipo de aneurisma.

 

Causas

 

Os aneurismas mais frequentes são os chamados “degenerativos”, que estão associados aos fatores de risco para aterosclerose. Assim, homens acima dos 50 anos e mulheres acima dos 60 anos com história de aterosclerose, pressão alta, colesterol aumentado e fumantes têm maior risco de desenvolver AAA.

Outras causas menos frequentes são inflamações da parede dos vasos (arterites), dissecções da aorta, infecções, doenças congênitas do tecido conectivo, traumatismos vasculares.

 

Sintomas

 

Na maioria dos casos, os aneurismas da aorta abdominal não causam qualquer sintoma, sendo diagnosticados durante a avaliação de outros problemas médicos.

 

DOR ABDOMINAL OU NAS COSTAS FORTE E DE INÍCIO SÚBITO

Se você tem acima de 50 anos com histórico familiar de AAA e sente dor súbita, forte, no abdome ou no dorso (costas), procure atendimento médico imediato. Estes sintomas podem sinalizar que você tem um AAA, possivelmente na iminência de romper.

 

 

DOR, PALIDEZ OU ARROXEAMENTO DOS DEDOS DOS PÉS

Raramente um pedaço de placa de ateroma ou de coágulo pode se desprender e migrar até ocluir um vaso de uma das pernas ou pés, prejudicando a circulação de sangue e dando esses sintomas.

 

Diagnóstico

 

Como visto acima, a grande maioria dos pacientes com AAA não apresenta sintomas. Por esse motivo, o diagnóstico muitas vezes é feito quando o paciente faz algum exame de imagem, como a ultrassonografia de abdome, para investigar outro problema. Ao contrário da aorta torácica, a aorta abdominal pode ser palpada durante o exame físico e ter seu calibre estimado durante uma consulta de rotina.

 

 

EXAMES DE IMAGEM PODEM SER NECESSÁRIOS

Um ultrassom abdominal é indolor, de baixo custo, seguro e o exame mais frequentemente utilizado para a pesquisa e, naqueles com a doença, também para medir as dimensões do aneurisma.

A angiografia por tomografia computadorizada (TC) tem a vantagem de mostrar com mais detalhes e precisão a localização, a extensão e as medidas do aneurisma. Por ser um exame um pouco mais invasivo, necessitando injeção de contraste na veia e expondo o paciente à radiação, é realizado para confirmar as medidas de aneurismas maiores ou com rápido crescimento, que possam exigir tratamento cirúrgico, além de essencial para planejar a operação.

Angiografia por ressonância magnética é uma alternativa à TC, por exemplo, em pacientes alérgicos ao contraste iodado.

 

Tratamento

 

O tratamento depende do diâmetro do aneurisma.

 

AAAs PEQUENOS (MENORES QUE 5,0 cm DE DIÂMETRO)

Têm baixo risco de rotura. Não necessitam cirurgia, mas devem ser monitorizados.

  • É importante que o paciente passe em consulta com um cirurgião vascular e faça uma ultrassonografia a cada 6 meses para avaliar se há crescimento do diâmetro do aneurisma. Crescimento acima de 0,5cm num período de 6 meses pode ser indicativo de maior risco de o aneurisma romper e, assim, necessitar operação;
  • Manter a pressão controlada e abandonar o hábito de fumar;
  • Exercício físico regular também é benéfico.

 

AAAs GRANDES (ACIMA DE 5,0-5,5cm DE DIÂMETRO)

Apresentam maior risco de rotura, indicando provável necessidade de tratamento cirúrgico. Aneurismas entre 5,0cm e 5,5cm estão numa faixa intermediária e a indicação cirúrgica depende do gênero (em mulheres a indicação é mais precoce, em torno de 5,0cm, com maior tolerância para homens – a partir de 5,5cm), constituição física e condições de saúde do paciente.

 

Uma vez indicado tratamento cirúrgico, resta definir a técnica a ser empregada.

 

Operação aberta

A OPERAÇÃO ABERTA é consagrada há décadas. No entanto, trata-se de procedimento de grande porte, realizado através de grande incisão abdominal e necessitando da interrupção momentânea do fluxo sanguíneo pela aorta enquanto uma prótese sintética é implantada em substituição ao segmento doente. A necessidade de transfusão de sangue é relativamente frequente e há necessidade de internação em UTI no pós-operatório imediato.

 

  • O cirurgião vascular acessa a parte afetada da aorta através de uma incisão no abdome;
  • O tempo de internação hospitalar fica, geralmente, entre 4-10 dias.

 

Cirurgia endovascular

A TÉCNICA ENDOVASCULAR é uma modalidade terapêutica descrita no início dos anos 90, propondo um tratamento menos invasivo. Por essa técnica, uma prótese sintética é introduzida através de incisões na altura das virilhas, progredindo o material através das artérias femorais até a aorta abdominal, onde esta prótese é então aberta, impedindo o fluxo de sangue pela porção dilatada. Como não há necessidade de abrir o abdome e a aorta, os tempos de recuperação e de internação são muito menores, assim como os riscos de complicações imediatas relacionadas ao procedimento.

Realização do procedimento
  • Uma pequena incisão em cada virilha é feita. Com o auxílio de aparelhos de raio-X (radioscopia), o cirurgião vascular introduz cateteres que contêm uma prótese comprimida no seu interior dentro das artérias das pernas (femorais), progredindo estes cateteres até o local do aneurisma abdominal, onde essa prótese é aberta. Essa prótese tem suas extremidades superior e inferior apoiadas em segmentos de artéria normal acima e abaixo do aneurisma e, quando aberta, o fluxo de sangue passa pela prótese, excluindo o aneurisma da circulação;
  • O tempo de internação hospitalar geralmente é de até 3 dias;

 

 

No tratamento endovascular a recuperação é mais rápida em comparação ao tratamento aberto, porém é necessário acompanhamento com exames de imagem mais frequentes.  A necessidade de novas intervenções no aneurisma são infrequentes, mas também mais comuns nos pacientes tratados por via endovascular do que por operação aberta.

De qualquer forma, o tratamento endovascular é cada vez mais indicado, tornando-se em quase todos os centros do mundo a técnica preferencial. Nem todo aneurisma, porém, é passível de tratamento endovascular, a depender de suas características anatômicas.

 

 

As informações contidas neste site não se destinam, e não devem ser invocadas, como um substituto para aconselhamento médico ou tratamento. É muito importante que os indivíduos com problemas de saúde específicos consultem seu médico.

Prof. Dr. Antonio Zerati

Por:

ANTONIO EDUARDO ZERATI – CRM 87065 CIRURGIÃO VASCULAR E ENDOVASCULAR; DOUTOR EM CIÊNCIAS PELA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; PROFESSOR LIVRE-DOCENTE PELA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO; SÓCIO TITULAR – SOCIEDADE BRASILEIRA DE ANGIOLOGIA E CIRURGIA VASCULAR (SBACV) http://sbacvsp.com.br/; MEMBRO DA SOCIETY FOR VASCULAR SURGERY (EUA) https://vascular.org/.

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