Novas Orientações sobre Embolia Pulmonar

As Diretrizes da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC)  sobre embolia pulmonar aguda foram atualizadas e publicadas no European Heart Journal. Elas foram desenvolvidas em colaboração com a Sociedade Europeia Respiratória (ERS).

“A embolia pulmonar aguda é a terceira causa mais comum de morte cardiovascular na Europa, após ataque cardíaco e derrame, contribuindo para mais de 350.000 mortes a cada ano. Um coágulo sanguíneo (trombo) em uma veia profunda, geralmente nas pernas, é desalojado e viaja para os pulmões, onde bloqueia um ou mais vasos. Isso geralmente ocorre se a parede da veia estiver danificada, o fluxo sanguíneo estiver muito lento ou houver alguma doença da coagulação”, explica o cirurgião vascular, Prof. Dr. Antonio Zerati.

Grandes cirurgias como substituição de joelho ou quadril, lesões graves, repouso prolongado e câncer são fatores de risco comuns para embolia pulmonar aguda, que também pode surgir após viagens longas, gravidez ou pelo uso do anticoncepcional.

“Os sintomas, incluindo falta de ar e dor no peito, se assemelham a outras doenças, portanto, muitas vezes, o diagnóstico é falho ou a gravidade da situação é subestimada, e muitos pacientes morrem antes de receber a terapia apropriada”, observa o médico.

As diretrizes esclarecem como diagnosticar a embolia pulmonar aguda passo a passo. O processo começa com suspeita clínica baseada em sintomas combinados com exames de sangue (dímero-D). Dependendo da gravidade e urgência do cenário, uma tomografia computadorizada (TC) pode ser usada para visualizar os vasos pulmonares ou um ultrassom cardíaco para observar as câmaras cardíacas.

“O objetivo é chegar ao diagnóstico da maneira mais confiável e rápida possível, para iniciar a terapia que salva vidas e impedir que outros coágulos cheguem aos pulmões”, informa Zerati.

Drogas anticoagulantes ajudam o corpo a impedir a formação de novos coágulos e, portanto, a progressão da trombose. Se o paciente estiver em choque e prestes a entrar em colapso, o coágulo deve ser removido imediatamente, e isso pode ser conseguido com drogas trombolíticas (que “dissolvem” os coágulos), cateteres ou cirurgia.

Novas diretrizes 

“As diretrizes recomendam como julgar a gravidade da embolia pulmonar com base em uma combinação de resultados clínicos, de imagem e laboratoriais. Isso determinará se os anticoagulantes são suficientes ou se as drogas trombolíticas, a intervenção com cateter ou a remoção cirúrgica são necessários. Há novos conselhos sobre como distinguir, na tomografia computadorizada, trombos frescos nos pulmões de obstruções crônicas devido a uma doença chamada hipertensão pulmonar tromboembólica crônica, que requer um tipo diferente de terapia”, afirma Antonio Zerati.

Também é nova a orientação sobre quais medicamentos usar em um paciente com embolia pulmonar e câncer. Pacientes com câncer têm um alto risco de recorrência, e, muitas vezes, é necessária uma anticoagulação por tempo indefinido.

“A embolia pulmonar aguda também é uma das principais causas de morte materna em países de alta renda, mas o diagnóstico pode ser desafiador porque os sintomas geralmente se sobrepõem aos da gravidez normal. Novas recomendações descrevem como diagnosticar e tratar a embolia pulmonar na paciente grávida”, observa Zerati.

As instruções atualizadas indicam quando é seguro enviar pacientes para casa após a internação hospitalar. Alguns têm um risco ao longo da vida de outro evento tromboembólico venoso. Os anticoagulantes são usados ​​para tratar o episódio agudo e prevenir a recorrência, mas aumentam o risco de sangramento. As diretrizes descrevem como decidir a duração do tratamento. Elas também especificam quando e como (com quais ferramentas e testes) acompanhar os pacientes e quais descobertas sugerem doenças crônicas que requerem diagnóstico e tratamento em um centro especializado.

Por último, mas não menos importante, as Diretrizes da ESC 2019 endossam uma abordagem multidisciplinar da embolia pulmonar após a fase aguda e a alta do paciente. “As equipes devem incluir médicos, enfermeiros adequadamente qualificados e outros profissionais de saúde alinhados, com o objetivo de garantir transições suaves entre especialistas e profissionais do hospital, cuidados otimizados a longo prazo e prevenção de recorrências”, diz o médico.

Conselhos para os pacientes

  • Esteja ciente das condições que predispõem à embolia pulmonar aguda;
  • Se você tem um risco aumentado ou já teve embolia pulmonar ou trombose venosa profunda e foi internado no hospital por outra doença, pergunte o que está sendo feito para evitar trombose;
  • Se você tiver um ou mais fatores de risco para embolia pulmonar e sentir falta de ar, desconforto ou dor no peito, tonturas, chame um médico ou ambulância imediatamente. Deite-se e não se mova. Não ande ou dirija para o hospital ou consultório médico;
  • Se você teve uma embolia pulmonar aguda e está tomando anticoagulantes, quando receber alta do hospital, pergunte quando precisa consultar um médico novamente e quais cuidados deve tomar. Na consulta de acompanhamento, relate qualquer sangramento e se você voltou ao normal ou ainda apresenta sintomas como falta de ar.
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